Ah, a vil existência dos insones !!
É madrugada e o sono teima em não chegar. Na vã espera, fumo um cigarro e observo a vida pela janela. Sorvo o frio vento que envolve a noite, junto à fumaça que, sei, não trás bons presságios aos meus pulmões...
No cruzamento, o buraco aberto na avenida liberta interminável fio... Cabo, que é penosamente puxado pelo homem solitário.
Atarracado, metido no cinzento uniforme com faixas fluorescentes, é nítido o esforço que faz ao puxar ritmicamente a enorme serpente. Telefônica ? Net ? Não tenho idéia... Sei apenas que ele está lá e o trabalho não deve parar...
Trago a fumaça do cigarro em igual ritmo com que o fio é tirado da terra.
Sou, ao meu modo meio torto, solidária ao esforço daquele homem cinzento e solitário, nesta madrugada insone.
Helena Jorge
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