sábado, 19 de setembro de 2009

Fim de inverno

Na tarde fria desta sexta-feira de tempo indeciso, o gigantesco pinheiro tombou, levando consigo telhados e carros.
Meu companheiro imponente e calado nestes últimos 11 anos, parece confirmar com seu destino o fim de um ciclo que reluto em assumir.
Durante os últimos anos nos observamos diariamente em nossa jornada. Juntos crescemos, vicejamos, expandimos horizontes...
Igualmente juntos, lutamos contra pragas que, em grande parte das vezes, alimentamos e permitimos que se desenvolvessem. Assim como se em nosso intimo soubéssemos, elas eram necessárias ao nosso crescimento.
Não. Não houve uma enorme tempestade que lhe encharcasse as raízes, a alma... Nem tão pouco o vento chegou levando tudo o que estivesse em seu caminho...
Não.
A tarde era apenas fria e triste, como normalmente são as tardes neste meio de setembro, em que o fim do inverno se arrasta. Lenta e penosamente.
E desta maneira, lenta e penosa, se cumpriu a sina. Um período chega ao fim. O destino se cumpre. Inexorável.
Juntos. Eu e o pinheiro tombamos.
Juntos. Eu e o pinheiro, assumimos o risco de um recomeço.
Juntos, vivemos tudo aquilo que sabemos, deveria ser vivido.
Sem temores.
Juntos, simplesmente vivemos...

Helena Jorge

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