quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Clara

Garoa fina encobre a cidade neste primeiro dia de primavera e a tarde se arrasta, nublada e fria.
Aqui, deste sexto andar, tento driblar o tédio que teima em se instalar e dedilho o teclado do computador, talvez aguardando uma inspiração divina... E ela me chega, da forma mais absurda e maravilhosamente simples: Latidos vindos da rua.
Por um destes motivos inexplicáveis, paro o trabalho e vou até a janela observar de onde eles vem. Na calçada do prédio em frente, Clara, uma enorme mancha branca como seu nome já diz, corre e balança o rabo para seu dono. Late feliz e eu posso ver daqui os sorrisos que se abrem, escancarados, no rosto de ambos. Cão e dono.
Me perco no tempo, observando ambos correndo e brincando como duas crianças, esquecidas do universo ao seu redor...

Neste início de primavera chuvosa e fria,
Clara se faz luz.
Neste início de primavera,
Clara
clareia meu dia.


- Helena Jorge - 

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