Longa noite solitária em que o vento do outono
mais fere que refresca.
O corpo todo queima,
como se o suor que lhe escorre dos poros
se transformasse em veneno.
Da janela do quarto ele observa a noite
o movimento das pessoas que
se assemelham a formigas
vistas daquele décimo quinto andar...
O perfume dela ainda habita em seu olfato
instiga seus sentidos
lhe causa tremores.
Ele fecha os olhos e pode sentir sua presença
o toque quente das bocas...o roçar das línguas...
a dança dos corpos...
O olhar se perde pela noite
seus pensamentos indisciplinados viajam até ela.
Alguns momentos atrás era no corpo dela
que ele se perdia...
Então, assim meio que enfeitiçado,
ele passeia as mãos pelo próprio corpo
acaricia sua pele nos lugares onde pouco antes
ela estivera.
Percorre caminhos que foram dela.
Ali, naquele lugar
isolado de qualquer tipo de contagem
de tempo ou de horas
ele arde de desejo.
- Helena Jorge -
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