domingo, 27 de outubro de 2013

Helena

Helena, minha doce Helena
teu nome é canção impiedosa
que tanto embevece meus ouvidos
por isso teimo em não pronunciá-lo
somente na calada fria da noite
em dissimuladas e sussurradas vezes
escandindo suas sílabas em minha boca úmida
sentindo o estremecer da primeira vez
Helena, minha linda Helena
tal és a primeira, quiçá única
tu és mistério hermético
brinca prazerosa entre meus lábios
escorrendo pelos cantos como veneno
lambuzando-me o rosto, tal criança e sobremesa
sabor almiscarado, degustado letra a letra
todas as curvas, retas e serifas
Helena, tua divindade, reluzindo em minha boca
ambrosia doce rolando pela garganta
segredo compartilhado ao ouvido da brisa lépida
que traz de volta carícias e beijos quentes
Helena, minha lânguida Helena
Helena, tu és minha prece noturna
Helena, tu és meu evangelho herege
Helena, tu és meu fim, meu começo e meu desejo


- Paulo Renault - 

Um comentário:

Unknown disse...

"Helena, meu evangelho herege"... lindo isso!